Ocasional
Cleide Canton
Andava sem rumo certo
no refúgio de pensamentos tolos,
driblando a lentidão das horas mortas...
Abriam-se todas as portas
para um horizonte obscurecido,
onde figuras sem rosto
pareciam estar a espera
de algo que jamais se realizaria.
Olhares lânguidos como o meu
embaraçados nas desilusões,
condenados à esperança de um ateu...
Braços largados ao longo
como se o peso do cansaço
os impedissem de esperar por um abraço.
Tentei entendê-los
sem me dar conta que estudava a mim.
Procurei-os nas minhas lembranças,
em qualquer lugar dos meus escuros.
Chamavam-me (loucos),
e eu quase pensei ser um deles.
Mas não havia o elo,
apenas a mesma tristeza no olhar.
Não deixou de haver a magia do momento.
Fecharam-se as portas num lamento
ao carinhoso murmúrio de um "olá."
Virei como se acordasse de um sonho
e ali estavas, tal qual um anjo
a tirar-me do torpor.
Eras todo amor!
Por segundos a ternura me envolveu
e quase levantei os braços para receber-te.
Minutos apenas, vivos.
Dei-te as costas
sem a mínima expressão
de um sentimento qualquer
e deixei para trás um passado sem futuro.
Ficaste ali perdido, sem respostas,
enquanto no novo horizonte
uma luz brilhou para mim.
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